Colecistectomia
O que é?
A colecistectomia é a cirurgia para retirada da vesícula biliar. A vesícula biliar armazena a bile produzida no fígado, que ajuda na digestão da gordura ingerida durante a alimentação. Ela se localiza abaixo do fígado no quadrante superior direito. Sua retirada pode gerar alguns efeitos colaterais, porém somos capazes de retornar a uma vida normal com mais qualidade alimentar após alguns meses da cirurgia.
Indicações:
A cirurgia da vesícula biliar pode ser necessária por diversas razões:
· Pedras ou Cálculos da vesícula biliar
Cerca de 10% dos adultos e 20% dos idosos > 65 anos acabam desenvolvendo as famosas pedras da vesícula biliar quando a bile sedimenta e transformam-se em cálculo(s). Os cálculos mais comum são de colesterol. Alguns fatores influenciam na predisposição de formação dos cálculos como mulheres (3:1), de meia idade, com sobrepeso, assim como pacientes com distúrbios metabólicos (triglicerídeos elevados e resistência insulínica). Porém qualquer indivíduo pode desenvolver as pedras da vesícula. Alguns pacientes são assintomáticos enquanto outros podem ter sintomas consequentes ao bloqueio no trânsito da bile pelas pedras . As pedras grandes tendem a impactar dentro da vesícula, já as pedras pequenas podem migrar e impactar ao longo da árvore biliar que se estende do fígado até o intestino.
Pacientes podem relatar sintomas gástricos leves como empachamento, náusea, vômitos e distensão abdominal outros podem ter cólicas biliares intensas (crises de vesícula) ou até complicações graves. A dor da pedra na vesícula (colelitíase) ocorre frequentemente no quadrante superior direito, aonde a vesícula se localiza. No entanto, ela pode ser vaga em todo abdome ou pode também irradiar para o dorso a direita.
Os cálculos são diagnosticados por exames de imagem como ultrassonografia abdominal, endoscopia digestiva com colangiopancreatografia, ou ressonância. Dificilmente, os cálculos identificados irão se desfazer e a cirurgia passa a ser um procedimento curativo retirando tanto a vesícula quanto os cálculos.
· Colecistite Aguda
Quando em crise, a dor é severa e continua, só aliviando com medicações venosas na emergência. Além da dor, a cólica biliar pode vir acompanhada de intensa náusea, vômito e perda de apetite. Usualmente esse quadro acontece quando a pedra da vesícula causa um bloqueio permanente e favorece a infecção local. Uma série de exames pode nos ajudar a definir os próximos tratamentos como exame de sangue, a ultrassonografia, e a tomografia computadorizada. Os tratamentos podem variar desde cirurgia de emergência, procedimentos endoscópicos até cirurgia eletiva laparoscópica ou robótica. Cada caso é tratado individualmente!
· Coledocolitíase ou Pedras nos ductos biliares
Quando um cálculo sai da vesícula biliar e adentra a árvore biliar chamamos de coledocolitíase. Geralmente, esses pacientes apresenta quadro de dor abdominal e dorsal associado a icterícia (amarelidão). Esse quadro tende a ser autolimitado, enquanto a pequena pedra biliar viaja pelos ductos biliares até sair no intestino. Em alguns casos a pedra pode ficar impactada e assim necessitar de intervenção endoscópica antes do procedimento cirúrgico. Em casos raros, caso a procedimento endoscópico não resolva, a cirurgia para explorar a árvore biliar passa a ser indicada. Nestes casos de migração de cálculos, a retirada da vesícula também está indicada.
· Pancreatite
O pâncreas é uma glândula responsável pela produção de enzimas que digerem carboidratos e proteínas, e também regula os níveis de açúcar. A inflamação da glândula é chamada de pancreatite. Esta inflamação ocorre consequente a uma resposta imune do organismo a autodigestão da glândula causada pelas suas próprias enzimas quando liberadas dentro da glândula por uma obstrução dos ductos biliares de forma aguda ou crônica. Essa obstrução aumenta a pressão nos ductos pancreáticos que ativam suas enzimas. A inflamação aguda por cálculo biliar migratório causa dor e inchaço. Esta doença aguda pode se apresentar sintomas leves ou graves.
Quando associado a presença de cálculos na vesícula, a cirurgia de retirada da vesícula pode ser programada na mesma internação hospitalar ou de forma eletiva. Essas opções são estudadas e oferecidas individualmente. Esse quadro clínico, usualmente, não requer que nenhum procedimento cirúrgico seja feito na glândula do pâncreas.
OBS: Outras coisas podem causar pancreatite aguda e crônica. Caso precise de esclarecimento, será um prazer te atender.
· Pólipos de vesícula biliar
O pólipo de vesícula é uma condição menos comum que muitas vezes não causa sintomas nos pacientes e são encontrados em exames de rotina. As indicações cirúrgicas são precisas para essa condição e os pacientes são tratados caso a caso.
· Câncer de vesícula
Condição rara que pode ser identificada antes da cirurgia por exames complementares como ultrassom abdominal, ressonância magnética e tomografia ou ser descoberta de forma inesperada na análise microscópica da vesícula biliar. Desta forma, destaco que é de suma importância a consulta de retorno para apresentar o laudo do patologista. Também ressalto que outros procedimentos cirúrgicos abertos, laparoscópicos ou robóticos podem ser necessários para completar a remoção do câncer e obter as margens livres tanto no fígado como nos ductos biliares.
Tratamento dos cálculos biliares:
O tratamento cirúrgico é definitivo e a recuperação é rápida. Desde 1987, na França, quando o primeiro procedimento cirúrgico laparoscópico foi realizado, a colecistectomia laparoscópica assumiu protagonismo para ressecção daquele órgão. Quando comparada à incisão aberta subcostal extensa, a via laparoscópica é superior pois:
- é realizada por pequenas incisões,
- é um procedimento relativamente rápido,
- causa menos dor no paciente,
- permite alta em 24 h após o procedimento eletivo,
- recuperação as atividades normais com aproximadamente duas semanas.
Este procedimento também pode ser realizado por via robótica! No entanto, os resultados de excelência também são alcançados pela laparoscopia.
Quais são as complicações da cirurgia?
Após a cirurgia aberta a dor subcostal pode ser constante. Seromas podem aparecer em pacientes obesos e herniações são complicações mais tardias. Após a cirurgia laparoscópica, você pode ter alguns gases abdominais e dor em cólica. Essa é a queixa mais referida. A irritação na garganta pelo tubo oro-traqueal também é um queixa frequente.
As complicações durante a operação são raras, mas incluem sangramento, e lesões em órgãos próximos.
Alguns pacientes queixam-se de diarréia após a cirurgia da vesícula biliar. Como a função da vesícula é armazenar a bile produzida no figado, o influxo de bile para dentro do intestino após a remoção da vesícula passa a ser maior que o habitual. Dessa forma, o organismo deve regular essa produção o que pode demorar cerca de 6 à 8 semanas para retomar a sua função intestinal normal.
Como faço para não ter crise até a data da cirurgia?
Você pode reduzir o risco de cálculos biliares de colesterol, que são o tipo mais comum, reduzindo o colesterol em sua dieta. Aqui estão algumas dicas rápidas:
- Limite frituras e fast-foods. Esses alimentos geralmente são fritos em gorduras saturadas, que promovem o colesterol LDL (o tipo "ruim"). Se você cozinhar com óleo, escolha óleos vegetais em vez de gorduras animais.
- Coma mais plantas. Frutas, vegetais e grãos integrais ricos em fibras ajudam a eliminar o excesso de colesterol do seu corpo. Comer mais plantas também pode ajudá-lo a manter seu peso geral baixo.
- Substitua a carne vermelha pelo peixe. A carne vermelha é rica em gorduras saturadas, enquanto o peixe é rico em ácidos graxos ômega-3, que promovem o colesterol HDL (o tipo "bom").
- Emagreça gradualmente. Fazer dieta para perder peso pode ajudar a reduzir o teor de colesterol no sangue. Mas é melhor perder peso em um ritmo lento e constante de um a dois quilos por semana. A rápida perda de peso pode incentivar a formação de cálculos biliares.
Nota:
Se permanecer com alguma dúvida, quiser discutir seu caso de forma mais especifica, será um prazer te atender na clínica.
